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Showing posts from 2023
O que eu não disse a meu amor Ontem, meu amor fez 29 anos e me arrependo de muitas coisas na vida, mas talvez a que mais me arrependa seja algo impossível, eternizar o seu abraço... Me arrependo de não ter dito muitas coisas, mas talvez a coisa que eu mais me arrependa é de não tê-lo dito que as pessoas não são nem tão boas, nem tão más quanto possamos pensar, posto que somos todos imperfeitos e que esse processo de viver é muito doloroso e que eu guardo em meu coração materno que sempre perdoa, tudo que ele me disse, as coisas bonitas e as tristes. Meu pai tem um poema que diz que “ter perdido a inocência” foi a “falência do seu querer” e aqui no peito arrebatado de orgulho de sua véia uma verdade é sussurrada: Para as mães seus filhos são eternamente inocentes! Alyne Costa, 23/12/23
  Absorta As cores não me concentram, me absorvem Minhas multifaces se revelam em matizes Por vezes sou intensa e loucamente rubra Noutras, leve azul piscina Meu bem querer tem cor de dendê Mexe por dentro feito não sei o que Enquanto meu gato adormece no meu colo Sonho com telas e lápis de cor Das coisas que ainda não rabisquei Meu cérebro se reparte em instalações Buzinas, lentes, semáforos me azucrinam E o que me habita de lucidez navega em oceanos marrons Sou crespa, ácida e meu peito é pura candura Se me queres louca, aqui estou Se me queres aflita, bem mais bonita,   Alyne Costa, 20/12/2023
  Mais um ano finda... Quando eu estava grávida de meu único filho humano, certo dia, num pequeno shopping em Brotas (É, eu tive certos privilégios na vida, um deles foi ter morado em Brotas nos anos 80/90) havia um homem com um turbante jogando cartas, me aproximei dele com aquela curiosidade juvenil e acertei uma consulta e perguntei como seria meu futuro com aquela criança e o cartomante me respondeu: “Minha filha, todos os homens são pais de todas as crianças do mundo!” Aquela frase ficou martelando em minha cabeça até que, amadurecida, volta e meia ela vem à tona e eu percebo que é uma grande verdade. Meu avô que foi a primeira visita masculina a meu filho na UTI Neonatal, não foi só bisavô, não existe bisavô, existe pai três vezes, sim, as avós tão certas... Nesse período natalino ou fim de ano foi o período que meu filho nasceu e, algumas lembranças... Ah, lembranças e memórias fazem as nossas histórias. Como esquecer as rosas vermelhas que minha prima Denise foi...
  Cura “Só eu sei as por que passei.” Cura quem reconhece e por vezes desobedece Aquilo que não concorda Cada um tem seu   processo Sua dor, sua ilusão Cada um é recomeço e às vezes solidão Todo mundo já foi criança e, nas cirandas da vida: Pegou piolho ou lombriga Não precisa remoer... Me curar foi tão difícil e continua o sendo Sigo alegre e enloucrescendo Tagarela e apaixonada Sei quando o outro cala E respeito a faixa de pedestre Nunca tive um automóvel E sou fã de um buzú Quem quiser gostar que goste Que eu já não estou nem mais lá Me importa o clima do planeta que está prestes a estourar Continuo me amando Mesmo sendo um pouco vesga Mas, mas, mas... Sou baixinha e bonitinha E, não vem que não tem dor no joelho Quando passo um batom Vejo ele em meu espelho!   Alyne Costa, 13/12/2023
  No Mundo   Nesse mundo, bem lá no fundo Escolho me acolher Ver minh’alma florescer Sou feita do barro de chegadas e partidas Quero a paz abençoada Jamais a alma vilipendiada Por cicatrizes que não me pertencem Mas que surgem e ressurgem pra me machucar Cada um cria suas teses ou catequeses dos diálogos travados na vida Seja lágrima de riso ou despedida Nesse mundo, bem lá no fundo Escolho dormir no seu ombro Enquanto a bailarina faz um solo Faço meu abrigo no seu colo.   Alyne Costa, 11/12/23
  Lembranças Moram nas minhas lembranças não somente os amores que vivi Os afetos sinceros que colhi e sei bem quais os são Também os tropeços e os recomeços Arranquei à foice a mordaça e uma parte de mim ainda acha graça Daquela eu que não existe mais Ah, fim de ano que tens do cotidiano? Um tanto de desengano recheado de luzes coloridas Um bocado de luz nas novas feridas Um desenho rabiscado e um sonho ainda não sonhado Ah, fim de ano que ficou de aprendizado? A falsidade que há de ficar no passado. Que traz de bom? A esperança dançando na valsa da vida... Na janela colorida, nas luzes da avenida E essa minha sanha de mulher atrevida! Alyne Costa, 21/11/23
  “A arte é uma ferida feita de luz.” Georges Braque   Há dores concentradas feito chagas na alma do poeta Que, profeta da vida, atiça esperanças ao vento... Morando no reino do sentimento. Ora em riso e ora em pranto Traz ao coração um acalanto Feito canção de ninar Há cores em potes transparentes de flores Que, perfume do tempo, mora feito brisa no silêncio do vento E, muda, assombro meu querer que já não tem ciência nem prazer Há uma velho triste que mora no menino Um moribundo que balança o sino Alardeando a morte do que não se sabe Há uma bruxa na boneca da vida Que insiste em se fazer colorida Oposta a qualquer sinal de fim É breve a vida e nós o sabemos E, nem sempre, são fartas as colheitas Os paços são trôpegos no início e no fim E entre o querer e o amar: O caminhar...   Alyne Costa, 19/11/2023
  “E há tempos o encanto está ausente e há ferrugem nos sorrisos e só o acaso estende o braço para quem procura carinho e proteção.” Reflexões de uma mulher que não lava louça E a vida vai se gastando com cobranças e julgamentos inúteis do quanto se poderia ser e não se é, do que poderia ter sido o dito e acabou omitido, do choro negado a si mesmo quando todos nós precisamos de abrigos de nós mesmos. E, assim, refugiados do que sobrou de vida que está aí sendo diuturnamente oferecida para ser vivida e nós já quase sufocados nos nossos cataclismas existenciais, deixamos escorrer com pressa e medo. O quanto se perde do amor verdadeiro com reclamações e autossabotagens, exigindo do outro que faça uma ginástica de alma para que possa caber no porão em que nossos sonhos se perderam antes mesmo que tivessem começado. Talvez estejamos desaprendendo a ouvir o outro, e, nessa avidez por notícias, cobrando do outro uma perfeição que jamais teremos... Talvez essas coisinhas escritas...
  Aprendi não ter vocação pra espera... Complicou? Já era! Alyne Costa, 2023
  Sabores Reparem bem que tudo tem sabor Até os dias mais tristes têm sabor dos felizes.... Deveria tudo ter sabor de sentimento... No peito agora tudo tem sabor de um sorvete: Ausência, ausência, ausência.   Alyne Costa, 09-11-2023
  Criança não toma conta de Criança Gente, pelamordeDeus, criança é para brincar com criança e sob a supervisão de um adulto (de preferência, imparcial), jamais pense que uma criança pode ter noção de cuidados. Quando eu tinha uns quatro anos, meu sonho era ser cabelereira e se alguém me perguntasse o que eu ia ser quando crescer, a resposta vinha na bucha: - Cabelereira! Certa ocasião, estava no interior e Marilena veio chamar minha mãe para ir na feira, minha relutou que não podia ir porque não havia ninguém para tomar conta de mim e de Rose (filha de Marilena), mas a moça insistiu que ia ser rápido, que não tinha nada demais e que eu já estava maiorzinha e ia tomar conta de Rose direitinho... Bem, colocaram-nos num canto com brinquedos e nos deixaram brincando de casinha e lá se foram pra feira... Não sei quanto tempo demorou, mas foi o suficiente para eu pegar uma tesoura e começar meu curso de cabelereira com Rose... Fui direto na franja e créu, créu, créu, fiz um ...
  Se te quero   Sou fêmea feita de urgências e segredos Talvez um cofre num oceano de medos Sou fêmea e sem paciência... Se espero é porque amo desafios e nocautes As primeveras são vésperas de verões O sol acende fogueiras e corações Cavalos marinhos invadem meu ser Todo efervescente de você Sou fêmea e não acumulo Nem angústias e nem dúvidas Sempre na corda bamba do destino Em busca do que não conheço, por vezes entristeço Mas, se te quero, espero...   Alyne Costa, 23-10-2023  
  Labuá   Desculpa, Adélia, minha mãe me falou de amor. Falava quando preparava as minhas fantasias de carnaval. Quando me arrumava para as festinhas da escola. Também quando me cobrava estudo. Me deu algumas surras, mas pé de galinha não mata pinto. Me falou de amor muitas vezes e de diferentes maneiras. Eu que, com minha rebeldia, não entendia. Eu que, a rigor, a rigor, sempre fui labuá. Só me arrumo quando dá na telha de me arrumar. E, confesso a você, me falou de amor de uma maneira tão sua. Única e engraçada. Minha mãe me falou de amor, a coisa mais importante do mundo. Palavra que no fundo dá o sentido da vida que ela me deu.   Alyne Costa, 17/10/2023  
  Flor Mulher Algumas pessoas possuem em seu coração um reino de ternura, são poetas de nascença, independente de crença e saem costurando na vida seus tapetes de carinho. Um amigo me ensinou que “poeta é quem cria”, cria afeto, cria alegria, horta, bichinho ou poesia. Algumas pessoas nascem poetas por colocarem amor em poções de tudo que fazem, transformam a vida em sonho, bolinho de chocolate e, assim, comida vira arte. Algumas pessoas trazem em si a poeira da inspiração e vão bordando seus dias como fadas de estimação. E nesse bordado infinito que alguma criança atrevida pode chamar de vida costróem nos corações mais aflitos um ninho de bem me quer, nascem flores em forma de mulher. Alyne Costa, 07/10/2023 para Dona Sônia Mattos
A Peleja e o Puxadinho   Deus um dia se zangou com a justiça dos homens Que de vez quando assombra muito mais que lobisomem E declarou por decreto, transcrito por algum médium Que um dia se vingaria a começar por um prédio O coitadinho é antigo e cheio de infiltração Além de tudo há inseto por toda tubulação Cupim, barata, mosquito e até escorpião É azulejo rachado, cimento no marmorite Interfone que não toca ou toca além do limite Portão que quebra e requebra, terraço mal-amanhado Zeladora sem direito e artista estabanado É caixa d’água rachada e idoso desrespeitado Pra azar do pobrezinho (Bell Marques não leve a mal!) Achou de ficar situado no circuito do carnaval Tem militar que achando pouco a bagatela do soldo Subloca todo ano, sabendo guardar o troco Eu agora acendo uma vela pra N. Sra. Auxiliadora Pois vou falar um pouquinho da empresa administradora Ninguém vai saber ao certo quem teve a ideia da lora De colocar num predinho de 4 an...
  Ilísia Eu achava Ilísia fumar cachimbo a coisa mais linda do mundo. Sentada, de coluna já curva, no alpendre da casa, macerava o fumo de rolo e preparava. Vinda lá do Iuiú, aquelas terras de parentes que eu não conheci, com um lenço amarrado na cabeça, pitava que era uma belezura de se ver e eu sentada, no seu encalço, não perdia um detalhe, um gesto, um pequeno traço daquele ritual, místico e solene. Não tinha brincadeira no mundo que me roubasse daquela presença, da riqueza daquela persona e de seu pouco caso de qualquer coisa mais. Ilísia, com a pele negra enrugada, mãos escuras do fumo e sua indiferença a qualquer coisa foi a primeira empoderada que eu conheci!   Alyne Costa, 29/09/2023
  Improvisos   A vida tem encantos sim Apesar da fome e das guerras De tanta miséria na face da Terra Dos muitos desencantos que por si encerra Não esse poema que como a vida insiste em brotar a cada manhã Jamais a minha esperança que como criança dança Mora um erê dentro de mim Mora uma preta velha que me conta as histórias Que eu reinvento E, nesse sustentáculo, que é renascimento Por fora e por dentro Eu sigo sendo eu e nós Um nós, incompreendidos Oprimidos Olhados de cima a baixo na delicatessem Um nós que desata nós e faz laços em abraços sinceros Lágrimas cedem a um riso de leveza De não ir mais de encontro à sua verdadeira correnteza: A arte que é completa em qualquer parte E a poesia que navega os mares da magia O que sobra, no todo ou em parte, dessa beleza Não é alimento! É sobremesa!   Alyne Costa, 27/09/2023      
  Perdoai. Mas eu preciso ser várias em mim, às vezes boneca de chita, noutras caixinha de porcelana com cetim. Alyne Costa, setembro de 2023
  Solidão de Domingo Reparem que domingo é um dia de reflexão. Eu costumo refletir aos domingos, acho que até me atrevo a dar uma volta pela manhã, mas chega uma hora que o que eu quero mesmo é ficar só. Essa solidão que já combina tão bem comigo e que eu costumo ser eu mesma meu abrigo. E aprendi a gostar de rabiscar alguma coisa aos domingos para que ele ecoe meus pensamentos, o sentir e às vezes faço alguma coisa para comer. Ai hoje me peguei com aquela frase clássica de Clarice acerca da poda de defeitos. Todos nós temos um defeito que não podemos abrir mão, um não, às vezes uma multidão. São defeitos de estimação, como temos amigos e parentes prediletos. Livros, sabores e vícios. Temos coisas que preferimos e isso é tão natural como não acertar o primeiro beijo. Indecisão me dói na alma, mas eu pago o preço. Está todo mundo querendo ir embora, como se Drummond sussurrasse: “José, para onde?” Alguns lugares costumo conjugar no pretérito perfeito. Já me doei de doer a ...
  A Poesia Brota   A poesia brota quando a gente muda Quando a gente emudece Quando a gente cresce Quando um amigo aparece   A poesia brota quando a gente sente Quando a gente entende Quando a gente surpreende Quando a gente aprende   Brota, quando a gente sobrevive aos inimigos mais vis Às ciladas tramadas Às guerrilhas mal contadas   Brota, quando a gente enfrenta as tramas E quase meio louca, canta com a voz rouca E meio cega, surda, muda, insiste e tira a roupa.   Alyne Costa, 24/09/2023  
  Rota   Meus heróis estão todos cansados E meus ombros já não suportam o peso das minhas dores Não tenho mais esperança nos caminhos de outrora E o teto está repleto de angústias desenhadas A poesia triste é meu abrigo sincero Meu sorriso invisível mora num cheque em branco Meus sonhos todos mal interpretados E as cartas do baralho mentem, corruptamente Asperezas e incertezas, fatiadas em sobremesas Vou-me embora porta afora Vou-me Vou-me Vou-me para um lugar incerto Para um reino perdido de Deuses e prantos Não há para traição acalanto Nesse reino de maldade e desonestidade Apenas os morcegos voam Rendo-me à espera da tal indesejável E a solidão se faz ponte Entre o que se foi e o que não mais virá.   Alyne Costa, 23/09/2023
  Pietá No silencio escuro da noite que iniciava, o menino voltou ao colo da mãe e chorou. Suas lágrimas não possuíam mais rebeldia, nem molecagem... Eram lágrimas de dor, aquelas dores de um deserto na alma que as mães não conseguem calar. Balbuciou segredos, rogou por uma fuga geográfica, talvez algumas reminiscências de infância trouxeram lembranças daquilo que não se pode mais viver. Quantos segredos moram no deserto da solidão nos apartamentos do centro? Saiu desnorteado pela porta sem nada dizer. Deixou no ar o suspense e o desequilíbrio de um idoso taciturno que, teimoso, não pede ajuda. À mãe só restou uma vela acesa, no imenso caos de si mesma. Alyne Costa, 21/09/2023
  Sentidos   Sou flor de sentimento Presságio Pressentimento Sou rosa do deserto Sem endereço certo Ré primária Rocha calcária Trago desejos em potes e a conta-gotas Tenho mistérios e miragens Segredos escondidos nas paisagens Às vezes água cristalina de piscina Noutras alma lavada em enxurrada Mas sigo, sem rumo certo E digo baixinho como miado de gato: Poesia não se guarda em porta-retrato.   Alyne Costa, 14/09/2023
  Telefonema   Um dia um cristal quebrou Os cristais quebram A louça suja O cachorro late Alguém come água para chocolate O setembro é amarelo Emicida representa Tantos ausentes presentes Na vida que segue enquanto vidas se ceifam Tanto tormento Armamento Tanta miséria na contramão Vidas ceifadas, obliteradas O preço do bife caiu Viva as manicures! Abaixo os telefonemas! Meio fora de tempo de propósito de inopino Sobra a mentira Farsa desgasta Doeu Menos em mim Mais em quem deu Doerá pra sempre É eterno o presente. Nunca esquecerei como numa cena de cinema O Jogo e o Telefonema.   Alyne Costa, 11/09/2023
  Absoluto   Quero mil vezes me desesperar Me apaixonar, sonhar, voar E, mesmo com desespero Fabricar meu tempero Acender os castiçais e perfumar travesseiros Acender velas e mandar flores Já não há temores E, nesse abismo entre você e eu Há uma fonte de mil quereres Pouco importa os saberes do mundo Se meu sonho é o profundo O enigma, o mistério e o absoluto Dor e Amor. Alyne Costa, 6/09/2023  
  Laço   Num passo, te enlaço E, se me perco, te acho E, se te acho, me perco Num catálogo de endereços Numa loja de adereços Não há mais relicário, nem telegramas A escrivaninha está sozinha Na vitrola qualquer musiquinha Ghost E se tropeço, não caio Tudo que não cumpro, um percalço Tudo diferente e um mundo ausente Enquanto coloco no meu coração de aço Uma tela em branco e um laço.   Alyne Costa, 30/08/2023  
  O Poema Amanheceu   Hoje eu fiz um poema de encantamento Encantamento com a vida que aflora O carteiro lá fora As cores da aurora   Hoje eu fiz um poema pra lua Para a saudade nua O barco que flutua A moça da rua   Hoje eu fiz um poema pro tempo Pro balão no vento Pra flor do momento Pro meu sentimento.   Alyne Costa 24/08/2023
  Ser mãe não é qualquer coisa Ser mãe é uma premiação divina que nada subestima, é o maior de todos os dons. O dom do prosseguimento da vida. Talvez por isso Drummond disse que “Mãe devia ser eterna”. No coração dos filhos toda mãe o é. Sentimento de mãe é algo que move, remove qualquer obstáculo. Mãe sente, mãe pressente, amor de mãe é comovente. Das decisões de minha vida tem uma especial demais, ser mãe. Acordar de madrugada só para conferir se o bebe está respirando, preparar a papinha, levar à escolinha, ensinar a tarefa, rir das rebeldias de adolescente. Ser mãe não tem palavras, a gente simplesmente sente... Alyne Costa, 17/08/2023
  Naquele tempo parecia ter o céu um azul mais céu. E as nuvens costumavam brincar como carneirinhos correndo soltos ao vento. Só faltava mesmo o verde de uma colina qualquer. E ele costumava me acordar antes do nascer do sol para ver os primeiros raios aparecerem do alto do morro. E me levava em seus braços. Eu, ainda sonolenta, sentia aquela alegria única de ver o mundo amanhecer naqueles braços, meu porto. Tirava-me da cama, sem coberta e eu era despertada pela brisa fria da manhã da vida. E caminhava comigo ouvido o cocorejar dos galos, a doce melodia do dia que chegava. E não lembro mais de nenhuma viv´alma que presenciava aqueles momentos. Tão meu e dele. Só nós protagonistas. E eu sorria o riso mais aberto do meu coração em flor. Eu sorria a plenitude daquele amor. Atravessávamos o quintal e o pé de manacá ao lado do portãozinho do fundo parecia dar até logo. E saíamos para desbravar o mundo novo do dia que nascia. Eu vestida de inocência, ele despido de ambição. E c...
  Às vezes o dia tem gosto de saudade de um tempo, um pequeno momento... E a gente fica fina flor de sentimento. Sentimentos muitas vezes transformam-se em ausências, algumas doloridas e outras refrescantes. Um texto desses que circulam nas redes trata de “quando a casa dos avós se fecham”. Quando perdemos nossos avós perdemos uma boa parte de nossa esperança. Saudade tem recheio de goiabada cascão e a gente teima em sonhar na contramão. A gente tem certeza do dedo de Deus em muitas coisas e em momentos, por sermos humanos e imperfeitos, não conseguimos ser leves e falhamos. Outras falham com a gente e, ou vem o perdão ou o esquecimento. Porque lembrança tem que ser boa. A alma sorri com as lembranças boas, aquele abraço sincero, aquele sorriso cúmplice, a indignação no olhar que u amigo entende e acolhe outro amigo. Lembrança é quase compaixão, quando nos encontramos com um pedaço de nós mesmos que não se perdeu no emaranhado do tempo. E uma musiquinha toca leve ...
  De como eu deixei de me preocupar com “o silêncio dos bons”   Sinal que não eram tão “bons”... Sem querer me aventurar nesse domingo de quase agosto com a visão maniqueísta da vida, porque entre os bons e os maus há um grande abismo e uma ponte que se há de atravessar. Existe uma distância enorme entre ser bom ou mau. Se você vestir todos os rótulos que lhe colocam, se acreditar em tudo que dizem a seu respeito você está dando permissão para que oprimam e uma permissão enorme. Eu levei quase meio século para compreender que o Direito por mais necessário que seja não nos traz receitas de felicidades e que ser feliz é uma decisão diária. Escolher nunca foi tarefa fácil e eu busco saídas para ser feliz e fazer feliz. Aprendi a me retirar serenamente, como se nada estivesse acontecido, e, se minha presença não satisfaz, eu tenho encontros maravilhosos comigo mesma e com o que me circunda. Fazemos escolhas o tempo inteiro: o que comer, o que ler, aonde ir e somos, irr...
  Como Cazuza   Cheguei à conclusão que preciso de Ilusão Para tornar leves os dias Calmaria Para buscar razão pra sonhar Amar Para me perder em meu destino Desatino Cazuza não estava errado, também quero um amor... Inventado.   Alyne Costa, 06/07/23  
  Declaração Enquanto ele vestia a calça olhou para mim, com brilho no olhar... - Enquanto eu visto essa calça para passear eu vou dizer uma coisa que eu nunca te disse antes. E, vestindo a camisa do Vitória, prosseguiu: - Você é a pessoa mais especial da minha vida e o Amor mais importante porque se não fosse você eu não estaria aqui, eu não estaria aqui com essa calça e essa camisa, eu nem estaria aqui, porque de tudo que você já me deu, você me deu a coisa mais importante para qualquer pessoa, você me deu a vida e eu Amo Viver. Victor para mim, em junho de 2023.
 Me vens com vinho e Neruda Te dou Adélia Prado e Arruda Alyne Costa, 15/06/23
  As Fogueiras do Meu Avô As fogueiras do meu Avô, aquelas que ele acendia, com suas mãos grandes e grossas não existem mais, porém nunca apagarão suas chamas. Ele separava o pedaço de lenha que na manhã seguinte viraria o tição daqueles em que se assa milho e batata e acendia, num ritual que só a ele pertencia, nenhum filho, neto ou amigo lhe roubava essa tradição. Nos anos de muita dificuldade, por vezes, não tinha fogueira e à meninada fascinada naqueles fogos de artifício que, certamente, só traziam benefício, corria pras fogueiras vizinhas e Ele chamava Vó e ia cumprindo a tradição: de casa em casa e assim, reciprocamente. Lembro de uma iguaria sem igual, o arroz doce de Ivone, ainda no tempo do Finado Loro, uma das coisas mais gostosas que já provei. Apagou-se, na velhice a chama da fogueira da vida de meu Avô e lá se foi meu coração pelejar em outras plegas, conhecer as fogueiras da Chapada, lá se foi meu encanto por essa noite que ainda aquece meu peito de saudade p...

Noite de São João

  “Olha pro céu, meu amor.” De todas as noites, a mais linda Há algo que aquece e aproxima No céu nunca triste, toda lembrança resiste Fogueiras e estrelas e toda delícia que existe Uma sanfona embala o coração Uma alegria em forma de paixão Bandeirolas meninas enfeitam o que se chama vida De uma noite eterna de São João.   Alyne Costa, 23/06/23
Mais Uma de Inverno   Ternurinha de inverno é pão na chapa quente Torrada no azeite por puro deleite Um incenso de sândalo e arruda de enfeite Pra que não vingue qualquer mal querença E saravá de virose, gripe ou fibrose Que os chás sejam curadores com encantos Que os sinos ressoem e levem quebrantos Ternurinha de inverno é pão com geléia Trago em charuto pra agradar caboclo Uma colcha macia e um chinelo roto Beijo na boca do garoto maroto Filme de Woody e muito café Na sala de espera uma quimera qualquer Rever amigos, criar abrigos e ter prudência Dizem que o mundo anda: Polarizado. Acho que algum coisa ruim botou foi mau olhado. E se não tiver jeito, stentes no peito. Ternurinha de inverno tem sopa e manjericão. E, alguma poesia, na palma da mão.   Alyne Costa, 8/06/23  
  Poetas Anônimos   Quando as horas acabam imensas E os rios cansam E um frio perfura a alma de esperança Restaremos despidos e cantando A chuva que cai sonhando Já não tem qualquer tradução Somos mambembes e saltimbancos sem tamancos Os dias frios são plenos de recordações Releio ávidas as placas de interrogação A minha loucura mora assombrada na sua graça E os meus pés frios pedem cochilos de ternura No rádio eu ouço Sinônimos E choro por todos os poetas anônimos.   Alyne Costa, 06/06/23

Como um bem-te-vi

  “Quero ficar no seu corpo como tatuagem...”   Como um bem-te-vi   Indelevelmente, vivemos... Sonhamos e construímos. No meu castelo de areia vive uma sereia Uma sereia menina com sina de bailarina As sereias da Bahia possuem algo mais que magia Suas tranças libertas se escondem nas cobertas E, nesse inverno atenuado, quase sagrado Regado a licor e bom bocado Costumam não se acasalar Diria um Jorge de certo bem Amado - Balaio Fechado. Faço contas na agenda Anotação é lenda E dinheiro vai e vem Vida que é boa é algo além Além de tenda, encomenda e talvez uma reprimenda E, de tanto amar, diante desse mar imenso e denso Aguardo esse moço Para dá-lo um amor de profundeza atlântica Que desafie as regras da semântica E que pouse leve na órbita torta da minha vida De certo, um pouco sofrida Não tão ágil como um colibri Mas, talvez, certeiro Como o canto do bem-te-vi.   Alyne Costa, 29/05/23    
 Para tudo Hoje eu sai da casa de mammys pra voltar pra casa e não tinha buzú nem dos amarelinhos... Eu de mochila nova nas costas, arrisquei a pedir carona porque tenho medo de uber, entoces, como ninguém deu carona pra uma maluca de bata, havaianas amarelas e uma bermuda horrorosa (pensem numa coisa horrorosa) que eu comprei por uma fortuna num hortifruti aqui perto. Ai passou um táxi e eu dei sinal, genteeeeeeeeeeeee, para o mundo aê, o cara do táxi era um menino lindo, maravilhoso e eu estava com tinta no cabelo, quando eu olhei para o rapaz, me lembrei de Lucas, o tenente tipo o gatinho tinha no máximo 30 anos e eu falei: -Você é um gato! Ele riu a risada mais fofa da face da terra. Aí eu perguntei de onde ele era e sabem o que ele me respondeu? LAPINHA... Ai meus sais, eu perguntei é o que menino? Fala sério que você é da Lapinha! Aí cara no fim da rua tinha uma viatura, aí eu falei pra ele: "-Polícia para quem precisa!" Eu tô com essa música na cabeça! A viagem curtinh...

Sonhos

  Os poetas nunca adormecem Em algum lugar as auroras nascem E os sonhos não fenecem Os poetas nunca adormecem Tomam uma média numa padaria Preparam a ternura mãe da alegria Os poetas nunca adormecem Procuram moedas no catavento São sonhos vivos a todo momento   Alyne Costa

Prisma

    Por favor, um café com tatibitate... Se a gente não vacila Brota Arte.   Alyne Costa

Mundo cão e meu cão

  “Sabe esses dias em que horas dizem nada?”   Mundo cão e meu cão Vive-se um tempo, potencialmente, tristemente, esquisito... Hoje eu resolvi dar uma volta com meu filho e meu cachorro, meu filho protelou, protelou, mas foi. Subimos a rua e meu cachorro que pula como um cabrito, ia alegre e saltitante, entramos numa rua sem saída e deserta, feriadão e eu sem noção de que vivemos a era do “grande irmão”, achei que poderíamos ter um pouco de privacidade, enganei-me. Fui vendo a rua e de repente uma criança grita: “Ei, cadê você?” Imaginei que brincava de esconde-esconde. O jornaleiro passou em sua moto e jogou um jornal, não era bem o horário certo... Um dos porteiros ouvia rock bem alto, a-do-rei! Lembrei-me da doce Inês cuja casa ouvi pela primeira vez: “Titia que morava na Colômbia chegou, riu de mim porque não entendi...” Um pouco mais tarde ví um curta excepcional, li alguma coisa, joguei conversa fora. Tem um livro que eu nunca lí: Morangos Mofad...

A rota

Entre fugas e buscas Os holofotes se apagam Os heróis se calam Paradigmas se evaporam No caos, no cais Apenas um beija-flor sobrevoa Feito chuva farta na horta Uma garrafa de vinho sobrevoa um mapa Três Américas Três estrelas Três canções Sobraram enigmas e corações Alyne Costa 15/04/23

Uma noite dentro de um filme

 Nos bons tempos da Sala de Arte do Bahiano, vi alguns filmes muito bons, ir ao cinema era um refrigério... Certo que aquela sala em especial tinha seu charme particular, ali encontrei e vivi cenas e flagras inesquecíveis. Mas não vou entregar ninguém, não dessa vez... Tá tudo certo em construir delicatessem, espigão underground e talvez alguns binóculos indiscretos de alta resolução, bem, não vamos delirar... Vamos adoçar as palavras, usar de alguma leveza no olhar, porque não dá pra fugir do que por aí está. Essa semana fui parar na emergência, evitei ao máximo, peguei um táxi (sim, eu pego táxi!) com um carinha fã do Chiclete até o Canela, voltei pela Vitória e o verde e o vento aliviaram a dor... Mas fui na emergência e juro, era um filme de Almodóvar... Tramal, Dramin e Captropil e eu ligadaça pra não perder um lance. Uma moça de preto abriu as mãos cheias de pedras e me disse que eu ia ficar boa porque eu vestia lilás. Pausa para a enfermeira que queria comprar uma moto! Conc...

Atrevida

Sou comovida com outonos Tardes nubladas de frio e neblina Para alguns: Irreverente Importante é que sente Dispenso rótulos Me edifico ora em cismas e ora em pedacinhos de ciúmes Há coisas que muito me aprazem Sopa de abóbora com coentro Sou única e coletiva ao mesmo tempo Gosto de vestidos tipo comprida sem roda Na linguajem de minha avó Respeito abismos e saudades Anoto meus sonhos em alto falantes A minha liberdade é cheia de atrevimento Mas no cinza dessa dor aguda e atroz Restaram eu, a xícara e o sousplat sobre a mesinha de cabeceira.   Alyne Costa, 28/03/23

O Sexo dos Anjos

  O Sexo dos Anjos Era final da década de 70, pertinho ali da sorveteria Primavera no Relógio de São Pedro. Mais precisamente esperando um Vibensa. Meu pai adorava me fazer participar de seus encontros com amigos talvez daí tenha vindo minha precocidade e curiosidade, se ele pensava que eu só estava passeando estava redondamente enganado, eu gravava tudo e ainda contava pra minha mãe. Nessa ocasião ele estava com Guto e eu adorava Guto porque ele gostava da minha presença. Sei que conversavam muito, meu pai com sua filosofia e cheio de questões que nunca acabavam. Naquele tempo os camaleões enchiam a Piedade e já era quase noitinha quando Guto deu uma bela resposta a meu pai: “-Ah, João! Não vamos discutir o sexo dos anjos!” Aha, ali eu peguei na hora e guardei aqui na cachola. Não perguntei na hora porque eu estava pensando em outra coisa, mas quando voltávamos para casa, arrisquei: -Pai, o que é o sexo dos anjos? Não me lembro da resposta e sempre que alguém me vi...

Contemplação

    Onde mora o absurdo que se transmuta em guerra? Seria por acaso o sangue o preço do metal? Nada mais imoral açoita a terra. Matança: planta, gente e animal   Porque lutam bravios soldados? Que vale mais que um fuzil? Na terra ainda existem belos fados. E um céu cinzento prevê o anil.   As cinzas e a carne não destroem a ganância Mil cruzes não superam sublime dor Amor, sabor e esperança   Sempre há de sobrar um sonho na distância Tardes cinzas escondem o perfume e a flor Café, poesia e dança.   Alyne Costa, 18/03/23    
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  A cadeira de Van Gogh - 1888 Manhã de Domingo Por um tempo havia em minha sala uma réplica de Os Girassóis de Van Gogh que morava ao lado de uma fotografia de Sebastião Salgado do MST, com uma mulher com um filho no colo e outro segurado na barra de sua saia, enquanto seu braço direito estava erguido na posição de luta. A temporalidade da vida rabisca tudo e os girassóis também se desbotam, como tudo vai ganhando novas nuances... A idade que chega para o ser humano também chega para objetos, idéias e movimentos. Sentimentos também perdem a cor com o tempo. Lembro da frase de minha amiga Ró: Todo mundo tem 15 anos em algum lugar do coração. A arte tem um condão de nos mover e comover em diferentes direções, infância e adolescência, eu gosto de dividir detalhes e me disseram que isso era bom pra conviver, mas não, não caí nessa cantada, caí foi num golpe. Águas passadas não movem moinhos, a não ser que você veja e reveja mil vezes uma cena de cinema, ouça uma canção que t...
Um verso Per-verso Que sinto - voando feito borboleta No meu labirinto. Alyne Costa, 25/02/23
  Fim de Carnaval O primeiro carnaval do resto de nossas vidas vai se findando... Os olhos passeiam pelas versões digitais dos principais jornais, sim, menos violento máxime se nos atentarmos que estava todo mundo com energia presa, doido pra soltar a franga. Ai, Jesus, uma expressão homofóbica...   É uma unanimidade o Carnaval de Salvador é uma festa alegre, tanto que todo mundo corre pra cá e quer beijar, dançar, pular e ser feliz, eu fiquei na cocó mesmo, ia pra mudança se não tivesse caído o cacau na manhã em que me preparei pra sair. Já no furdunço, o único dia que aventurei sair, falei pra um velho amigo que fica circulando que se eu não o encontrasse havia algo errado na Bahia (de hooooje! Né?). Ninguém sabe onde ninguém tá, quem viajou e já voltou, quem ficou e nem quem ficou com quem. Eita, caindo de novo um toró aqui e hoje tem pipoca, vai chovendo mesmo... Françoise Hardy num volume modo não perturbador... Lendo Quintana depois de cozinhar alguma coisa...

Poema Sem Nenhuma Importancia

 Que importa a simplicidade dos meus versos? Um pouco das minhas indelicadezas. Se deixo ou tiro o bigodinho chinês - a gosto do freguês? Que importa se não grito aos quatro cantos meu amor? Tu bem o sabes. Tu conheces bem os meus suspiros e o sal das minhas lágrimas na madrugada estridente? Que importa um não entender de todas as coisas se todos os meus versos não são secretos? E, saiba, plenamente, saiba, todos eles falam do meu amor. Para meu filho Victor.
  A calçada da fama... Que baiano é presepeiro não há dúvidas, mas não é assim de qualquer jeito, a presepada tem que ter requinte... Por exemplo, parece que a música foi feita pra gente e dois anos de abstinência de carnaval subiu pra cabeça de todo mundo e agora no verão, oxi, carnaval já começou faz tempo, vu? Tá todo mundo em pleno carnaval, ou se sentindo, ou se achando e isso vai de mamando a caducando. Se der uma volta na Barra você escuta a babel, vááários idiomas, todos bem vindos, é claro... Eles ajudam e muito, tanto no consumo de bens e serviços quanto no aluguel por temporada. Aqui no prédio eu estou cheia de vizinhos novos, já no dia 31 quando ia ao mercado encontrei duas moças e um rapaz na casa dos seus vinte e poucos anos esperando o portão ser aberto para, purucutuf, adentrar o prédio e eu de bom dia, boa tarde, boa noite, nem sempre nessa ordem, obviamente... A prefeitura desde 2022 vem trabalhando nas calçadas desde lá de cima, do Largo   e veio des...
  Indelicada, porém honesta. Repararam bem que a vida moderna está repleta de indelicadezas? Num pequeno delírio parece que a humanidade colocou um chip depois dessa pandemia. O egoísmo se tornou mais egoísta e a vida se gasta com pequenas insinceridades cotidianas. A vida está difícil, sim, complicado lidar com pessoas que fazem você acreditar nelas e só nelas porque o outro não tem importância. Não é caso a ser estudado, é a realidade, é fato. Há um provérbio chinês que diz “não há que ser duro, há que ser flexível”. Felizmente minha flexibilidade (até hoje) tem garantido a minha sobrevivência. Ouço de Pitty a Odair José e juro que não estou esperando alguém para ficar comigo, mas pra me tirar desse lugar! Aprendi a não esperar mais nada. E minha paciência está no limite. Salvador virou uma selva e o Porto da Barra não é nada seguro, mas muito mais gostoso que as praias de Trancoso. Tá é tempo novo, Lula voltou, mas como se curar quando o país está adoecido? De cabo a...